João Marcos Varella
Dia 19 de maio, data do falecimento de Gonçalves Ledo em 1847. Rememorando, os maçons liderados por Ledo defendiam uma independência de um país federativo que tinha na monarquia a "um acidente útil" como expressou Rui Barbosa. A monarquia constitucional permitiria uma transição sem uma revolução e garantiria pelo parentesco, a retomada de boas relações com o trono português. A facção liderada por José Bonifácio se opunha ao perigo de uma federação forte defendendo um Estado unificado e centralizador. O conflito já se manifestava no Conselho de Estado onde os dois faziam parte. Quando em 17 de junho de 1822 Gonçalves Ledo funda o Grande Oriente e coloca José Bonifácio como Grão-Mestre foi uma tentativa de unificar os interesses pela independência. Uma vez concretizada a independência o conflito se agravou. Os acontecimentos dos últimos dias de outubro de 1822 mostram que D. Pedro oscilava entre as duas facções - mandou fechar e reabrir o Grande Oriente. Finalmente aceitou a reintegração de José Bonifácio que mandou prender os maçons e Ledo precisou fugir para a Argentina. Ficaram muito tempo presos na ilha das Cobras. Curioso é o pronunciamento de José Bonifácio na Assembléia Constituinte em 23 de maio de 1823 sobre esse evento: "...Eu não sei porque o juiz devassante pronunciou essas pessoas que se acham presas; mas posso asseverar que o foram em conseqüência de devassa, e que o não foram por pedreiros livres, pelo que é propriamente a maçonaria. Talvez estes réus se servissem de sociedades secretas para perturbar a tranqüilidade pública e, sendo assim, todos os argumentos do iustre preopinante assentam sobre princípios falsos...". Em outra sessão: "...não creio e tenho mui fortes razões para crer que foram presos por suspeitos, e pronunciados por quererem entrar em conspiração contra o sistema do Brasil e contra a segurança pública." ... "Eu passei amaior parte da minha vida na Europa, conheço até por mim próprio, a história destas sociedades; e assim como estou capacitado que algumas há inocentes, de outras sei que são abomináveis, e contra as quais não há castigo que seja severo." ... "...ficará a sociedade á discrição dos iluminados, carbonários, radicais, jardineiros e muitos outros que tem desonrado e ensangüentado a Europa, e que ameaçam o sossego de todos os povos, e a estabilidade dos governos..."
José Bonifácio ocupou anteriormente a Intendência de Polícia na cidade do Porto, sob o regime absoluto, quando exercitou a obsessão pela espionagem e pela repressão. O que o poder faz com nossos heróis.
Dia 19 de maio, data do falecimento de Gonçalves Ledo em 1847. Rememorando, os maçons liderados por Ledo defendiam uma independência de um país federativo que tinha na monarquia a "um acidente útil" como expressou Rui Barbosa. A monarquia constitucional permitiria uma transição sem uma revolução e garantiria pelo parentesco, a retomada de boas relações com o trono português. A facção liderada por José Bonifácio se opunha ao perigo de uma federação forte defendendo um Estado unificado e centralizador. O conflito já se manifestava no Conselho de Estado onde os dois faziam parte. Quando em 17 de junho de 1822 Gonçalves Ledo funda o Grande Oriente e coloca José Bonifácio como Grão-Mestre foi uma tentativa de unificar os interesses pela independência. Uma vez concretizada a independência o conflito se agravou. Os acontecimentos dos últimos dias de outubro de 1822 mostram que D. Pedro oscilava entre as duas facções - mandou fechar e reabrir o Grande Oriente. Finalmente aceitou a reintegração de José Bonifácio que mandou prender os maçons e Ledo precisou fugir para a Argentina. Ficaram muito tempo presos na ilha das Cobras. Curioso é o pronunciamento de José Bonifácio na Assembléia Constituinte em 23 de maio de 1823 sobre esse evento: "...Eu não sei porque o juiz devassante pronunciou essas pessoas que se acham presas; mas posso asseverar que o foram em conseqüência de devassa, e que o não foram por pedreiros livres, pelo que é propriamente a maçonaria. Talvez estes réus se servissem de sociedades secretas para perturbar a tranqüilidade pública e, sendo assim, todos os argumentos do iustre preopinante assentam sobre princípios falsos...". Em outra sessão: "...não creio e tenho mui fortes razões para crer que foram presos por suspeitos, e pronunciados por quererem entrar em conspiração contra o sistema do Brasil e contra a segurança pública." ... "Eu passei amaior parte da minha vida na Europa, conheço até por mim próprio, a história destas sociedades; e assim como estou capacitado que algumas há inocentes, de outras sei que são abomináveis, e contra as quais não há castigo que seja severo." ... "...ficará a sociedade á discrição dos iluminados, carbonários, radicais, jardineiros e muitos outros que tem desonrado e ensangüentado a Europa, e que ameaçam o sossego de todos os povos, e a estabilidade dos governos..."
José Bonifácio ocupou anteriormente a Intendência de Polícia na cidade do Porto, sob o regime absoluto, quando exercitou a obsessão pela espionagem e pela repressão. O que o poder faz com nossos heróis.
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